Parabéns! de João Pedro Rodrigues, foi a segunda curta-metragem do realizador de O Fantasma e, ao mesmo tempo, aquela que o deu a conhecer no panorama cinematográfico nacional.
Chico (João Rui Guerra da Mata) acorda com o tocar de telefone. É a sua namorada que o espera no dia em que comemora o trigésimo aniversário. Com ele na cama está João (Eduardo Sobral) que conhecera durante a madrugada e com quem passou a noite. Com uma dinâmica que se confunde entre a empatia e o distanciamento – ou até mesmo entre presa e predador – percebemos que a relação entre os dois é, inicialmente, fria, mas que, ao mesmo tempo, existe uma grande tensão e desejo entre “Chico” e “João”.
Num enredo que se limita à ação decorrida numa manhã de ressaca e onde o desejo ainda persiste, percebemos, no entanto, que a relação entre os dois poderá não ir muito para além daqueles momentos em que se preparam, cada um deles, para seguir o seu próprio rumo. Mas, não é menos verdade que “Chico” não parece muito incomodado com a presença de “João” ou que este, por sua vez, também gosta do jogo de sedução, ambientando-se inclusive a um espaço que não é seu.
Não serão cúmplices… e tão pouco os melhores amigos. A interação entre ambos deve-se única e exclusivamente a uma noite de embriaguez e um desejo carnal que os juntou como forma de se auto-saciarem. No entanto, não deixa de ser verdade que Parabéns! nos revela que aquela noite – e manhã – parecem estar longe de acabar e “Ela” (a namorada) vai ter de continuar a esperar por alguém que parece cada vez menos interessado.
Dois homens, dois corpos encerrados num apartamento. Duas idades: 30 e 19 anos, um arquitecto e um rapaz das noites. Um gato. A voz de Ana no atendedor de chamadas. Uma câmara de vídeo, 19 planos, 15 minutos. A luz e o grão. O negro. A câmara quase sempre imóvel, à espera. Muitos takes. Acontece alguma coisa?