
Dez anos após o rompimento do duo de dance music Verona, Elias volta ao Brasil para reencontrar seu antigo parceiro, Walter, que está prestes a se casar com Filipe. Walter mora em uma casa isolada no meio do mato, túmulo das ambições da juventude e território de outros sonhos incertos.
Verona (Marcelo Caetano, São Paulo, 2013) baseia-se na representação do mote dos antigos parceiros artísticos reunidos após seguirem rumos opostos e se tornarem pessoas muito diferentes do que outrora foram. Mas quão diferentes? Afinal, Walter (Germano Melo) e Elias (Márcia Pantera), compositores do fictício duo de dance music Verona, não se afastaram por completo da arte. Por outro lado, há um incômodo salutar na forma como prosseguiram após o rompimento da dupla. Walter produtor musical, Elias dançarino. Sombras de tempos gloriosos (ou nem tanto).
E o contexto do futuro casamento de Walter com Filipe (Guto Nogueira) poderia indicar uma tensão sexual, ainda mais por quase toda a ação se passar em uma casa de campo. Contudo, sobressaem outras questões. Por exemplo, o conflito de gerações dentro do casal. Filipe, mais novo, olha para o passado do Verona pelo lado A, com leveza e simpatia. Já Walter, testemunha ocular daqueles tempos, parece enxergar apenas o lado B. E seu ex-parceiro musical insiste em um possível revival.
Qual dos dois parece mais preso ao passado? Indagações desta espécie somam-se às referências oitentistas e noventistas na trilha sonora e nos objetos de cena e a um homoerotismo encalacrado enquanto méritos deste curta. Não fosse a inconstância na condução deste material e nas interpretações dos atores, poderia ser ainda melhor. Mesmo assim, por não se render a uma mera nostalgia dos anos 90, buscando vida própria enquanto obra artística, Verona persiste.